A Origem das Espécies - Cap. 9: CAPÍTULO VIII HIBRIDISMO Pág. 268 / 524

E assim o estranho facto do aumento de fertilidade nas sucessivas gerações de híbridos artificialmente fertilizados pode, segundo creio, ser explicado por se ter evitado o entrecruzamento próximo.

Passemos agora aos resultados a que chegou o terceiro mais experiente hibridizador, o ilustríssimo e reverendíssimo W. Herbert. Este é tão enfático na sua conclusão de que alguns híbridos são perfeitamente férteis - tão férteis como as espécies progenitoras puras - como o são Kölreuter e Gärtner na ideia de que algum grau de esterilidade entre espécies distintas é uma lei universal da natureza. Herbert fez experiências com algumas das mesmíssimas espécies que Gärtner usou. Penso que a diferença nos seus resultados pode em parte explicar-se pela grande perícia hortícola de Herbert e pelo facto de ter estufas à sua disposição. Das suas muitas afirmações importantes darei como exemplo aqui apenas uma, a de que «cada óvulo numa vagem de Crinum capense fertilizado por C. revolutum produziu uma planta, que (segundo afirma) nunca vi ocorrer num caso da sua fecundação natural». Pelo que aqui temos uma perfeita, ou até mais do que comummente perfeita, fertilidade num primeiro cruzamento entre duas espécies distintas.

Este caso do Crinum leva-me a referir um facto muitíssimo singular, nomeadamente, que há plantas individuais, como em certas espécies de Lobelia, e em todas as espécies do género Hippeastrum, que podem ser muito mais facilmente fertilizadas pelo pólen de outra espécie distinta do que pelo seu próprio pólen. Pois verificou-se que estas plantas produzem semente com o pólen de uma espécie distinta, embora sejam completamente estéreis com o seu próprio pólen, apesar de se ter constatado que o seu pólen é perfeitamente bom, pois fertilizava espécies distintas.





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