A Origem das Espécies - Cap. 9: CAPÍTULO VIII HIBRIDISMO Pág. 271 / 524

é, se os géneros dos animais são tão distintos entre si como os géneros das plantas, então temos de inferir que os animais mais distanciados na escala da natureza podem ser mais facilmente cruzados do que no caso das plantas; mas creio que os híbridos em si são mais estéreis. Tenho dúvidas quanto a se poder considerar que qualquer caso de um híbrido perfeitamente fértil foi cuidadosamente autenticado. Deve-se todavia ter em mente que, devido a poucos animais procriarem livremente em cativeiro, poucas experiências foram apropriadamente ensaiadas: por exemplo, o canário foi cruzado com nove outros tentilhões, mas como nem uma destas nove espécies procria livremente em cativeiro, não podemos esperar que os primeiros cruzamentos entre eles e o canário, ou que os seus híbridos, sejam perfeitamente férteis. Mais uma vez, no que se refere à fertilidade em gerações sucessivas dos animais híbridos mais férteis, praticamente desconheço qualquer exemplo em que duas famílias do mesmo híbrido foram criadas ao mesmo tempo a partir de pais diferentes, de maneira a evitar os maus efeitos do entrecruzamento próximo. Pelo contrário, tem-se habitualmente cruzado irmãos e irmãs em cada geração sucessiva, ao contrário do que recomendam constantemente todos os criadores. E, neste caso, não é de todo surpreendente que a esterilidade inerente nos híbridos continuasse a aumentar. A agirmos assim, emparelhando irmãos e irmãs no caso de qualquer animal puro, que por qualquer causa tivesse uma tendência mínima para a esterilidade, a linhagem perder-se-ia seguramente em pouquíssimas gerações.

Embora desconheça quaisquer casos cuidadosamente autenticados de animais híbridos perfeitamente férteis, tenho alguma razão para crer que os híbridos do Cervulus vaginalis e reevesii, e do Phasianus colchicus com o P.





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