A Origem das Espécies - Cap. 9: CAPÍTULO VIII HIBRIDISMO Pág. 278 / 524

É também notável o facto de os híbridos criados a partir de cruzamentos recíprocos, embora evidentemente compostos a partir das mesmíssimas duas espécies, tendo uma espécie sido primeiro usada corno pai e depois como mãe, geralmente diferir em fertilidade, ligeiramente e por vezes em elevado grau.

Poder-se-ia referir muitas outras regras singulares segundo Gärtner: por exemplo, algumas espécies têm um extraordinário poder de cruzamento com outras espécies; outras espécies do mesmo género têm um poder extraordinário de transmitir a sua parecença à prole híbrida; mas estes dois poderes não são de modo algum co-ocorrentes. Há determinados híbridos que em vez de, como é habitual, terem um carácter intermédio a ambos os progenitores, assemelham-se sempre intimamente a um deles; e tais híbridos, apesar da sua enorme semelhança exterior com uma das espécies progenitor as puras, são, com raras excepções, extremamente estéreis. Pelo que, mais uma vez, entre os híbridos que por norma são estruturalmente intermédios aos seus progenitores, por vezes nascem indivíduos excepcionais e anormais, que se assemelham mais intimamente a um dos progenitores puros; e tais híbridos são quase sempre completamente estéreis, mesmo quando os outros híbridos criados a partir de semente da mesma cápsula têm um grau considerável de fertilidade. Estes factos mostram como a fertilidade no híbrido é completamente independente da sua semelhança exterior com um ou outro progenitor puro.

Considerando as diversas regras apresentadas, que regem a fertilidade dos primeiros cruzamentos e dos híbridos, vemos que quando se unem as formas que se tem de considerar espécies genuínas e distintas, a sua fertilidade varia gradativamente entre zero e a perfeita fertilidade, ou mesmo a fertilidade excessiva sob determinadas condições.





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