A Origem das Espécies - Cap. 9: CAPÍTULO VIII HIBRIDISMO Pág. 279 / 524

Que a sua fertilidade, além de eminentemente susceptível a condições favoráveis e desfavoráveis, é inatamente variável. Que de nenhum modo tem sempre o mesmo em grau no primeiro cruzamento e nos híbridos produzidos a partir deste cruzamento. Que a fertilidade dos híbridos não está relacionada com o grau em que se assemelha a um ou outro progenitor na sua aparência externa. Finalmente, que a facilidade de fazer um primeiro cruzamento entre quaisquer duas espécies não é sempre regida pela sua afinidade sistemática ou grau de semelhança mútua. Esta última afirmação é claramente demonstrada pelos cruzamentos recíprocos entre as mesmas duas espécies, pois conforme se usar uma ou outra espécie como pai ou mãe, isto fará geralmente alguma diferença, e ocasionalmente a mais ampla diferença possível, na facilidade de realizar uma união. Além disso, os híbridos produzidos a partir de cruzamentos recíprocos diferem frequentemente em fertilidade.

Ora, indicarão estas regras complexas e singulares que as espécies foram dotadas de esterilidade simplesmente para impedir que a sua natureza se tornasse confusa? Penso que não. Pois por que razão diferiria a esterilidade em tão elevado grau, quando se cruzam várias espécies, de todas as quais temos de supor que seria igualmente importante impedir que se misturassem? Por que razão seria o grau de esterilidade inatamente variável nos indivíduos da mesma espécie? Por que razão algumas espécies se cruzariam com facilidade, produzindo híbridos muito estéreis, cruzando-se outras espécies com extrema dificuldade, porém produzindo híbridos razoavelmente férteis? Porque haveria frequentemente uma diferença tão grande no resultado de um cruzamento recíproco entre as mesmas duas espécies? Poder-se-ia mesmo perguntar por que razão foi de todo permitida a produção de híbridos.





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