A Origem das Espécies - Cap. 9: CAPÍTULO VIII HIBRIDISMO Pág. 287 / 524

Os híbridos, todavia, têm circunstâncias diferentes antes e depois do nascimento: quando nascem e vivem numa região onde os dois progenitores podem viver, são geralmente colocados sob condições de vida apropriadas. Mas um híbrido partilha apenas metade da natureza e constituição da sua mãe, e portanto antes do nascimento, enquanto é nutrido no interior do ventre materno ou no ovo ou na semente produzidos pela mãe, pode estar sujeito a condições até certo ponto desajustadas e consequentemente estar sujeito a perecer precocemente; sobretudo na medida em que todos os seres muito jovens parecem eminentemente sensíveis a condições de vida prejudiciais ou contrárias ao natural.

No que se refere à esterilidade dos híbridos, nos quais os elementos sexuais estão imperfeitamente desenvolvidos, o caso é muito diferente. Aludi mais do que uma vez a um grande conjunto de factos, que recolhi, mostrando que quando os animais e as plantas são afastados das suas condições naturais, são susceptíveis a grandes afecções nos seus sistemas reprodutivos. Isto, na verdade, é o grande obstáculo à domesticação dos animais. Entre a esterilidade assim acrescentada e a dos híbridos há muitos aspectos semelhantes. Em ambos os casos, a esterilidade é independente da saúde geral e é muitas vezes acompanhada por um excesso de tamanho ou grande exuberância. Em ambos os casos, a esterilidade ocorre em vários graus; em ambos, o elemento masculino é o mais susceptível de ser afectado; mas por vezes o feminino mais do que o masculino. Em ambos, a tendência acompanha até certo ponto a afinidade sistemática; pois grupos inteiros de animais e plantas tornam-se impotentes pelas mesmas condições contrárias ao natural; e grupos inteiros de espécies tendem a produzir híbridos estéreis.





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