Se passamos às variedades, produzidas ou supostamente produzidas sob domesticação, ficamos ainda envolvidos em dúvida. Pois quando se afirma, por exemplo, que o spitz alemão se une mais facilmente com raposas do que os outros cães, ou que certos cães domésticos indígenas sul-americanos não se cruzam facilmente com cães europeus, a explicação que a todos ocorrerá, provavelmente a verdadeira, é que estes cães descendem de diversas espécies aboriginalmente distintas. Não obstante, a perfeita fertilidade de muitas variedades domésticas, diferindo amplamente umas das outras em aparência, por exemplo, do pombo ou da couve, é um facto notável; mais especialmente quando reflectimos em quantas espécies há, que, embora assemelhando-se intimamente umas às outras, são absolutamente estéreis quando entrecruzadas. Diversas considerações, todavia, tornam a fertilidade das variedades domésticas menos notável do que à partida parece. Pode-se mostrar, em primeiro lugar, claramente, que a mera dissemelhança exterior entre duas espécies não determina o seu maior ou menor grau de esterilidade quando cruzadas; e podemos aplicar a mesma regra às variedades domésticas.