A Origem das Espécies - Cap. 10: CAPÍTULO IX
SOBRE A INPERFEIÇÃO DO REGISTO GEOLÓGICO Pág. 310 / 524

Por outro lado, não creio que qualquer linha costeira com 16 ou 32 quilómetros de extensão sofra desgaste simultâneo ao longo de toda a sua extensão recortada; e temos de relembrar que quase todos os estratos contêm camadas ou nódulos mais duros, que pela resistência prolongada ao desgaste formam um quebra-mar na base. Por esta razão, em circunstâncias comuns, concluo que para um penhasco com 152 metros de altura, uma erosão de uma polegada por século para toda a extensão seria uma concessão generosa. A este ritmo, segundo os dados anteriores, a erosão do Weald deve ter exigido 306 662400 anos; ou, digamos, 300 milhões de anos.

A acção da água doce na zona ligeiramente íngreme do Wealden, quando elevada, dificilmente poderia ter sido grande, mas reduziria de alguma maneira a estimativa anterior. Por outro lado, durante as oscilações de nível, que sabemos que esta área sofreu, a superfície pode ter existido durante milhões de anos como terra firme, escapando assim à acção do mar: quando profundamente submersa talvez durante períodos igualmente longos, teria também escapado à acção das ondas costeiras. Pelo que com toda a probabilidade, uni período muito maior do que 300 milhões de anos decorreu desde a última parte do período secundário.

Fiz estas poucas observações porque é muito importante para nós obter alguma noção, por muito imperfeita, do decorrer dos anos. Durante cada um destes anos, em todo o mundo, a terra e a água foram povoadas por multidões de formas vivas. Quantas gerações se devem ter sucedido uma após outra, em número infinito, inabarcável pela mente, no longo decorrer dos anos! Olhe-se agora para os nossos museus geológicos mais ricos e que mísero espectáculo se nos depara!

Sobre a pobreza das nossas colecções paleontológicas.





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