A Origem das Espécies - Cap. 10: CAPÍTULO IX
SOBRE A INPERFEIÇÃO DO REGISTO GEOLÓGICO Pág. 318 / 524

são comuns no depósito, mas extinguiram-se no mar imediatamente envolvente; ou, inversamente, que algumas são agora abundantes no mar circunvizinho, mas raras ou ausentes neste depósito particular. É uma excelente lição reflectir na quantidade averiguada de migração dos habitantes da Europa durante o período glacial, que forma apenas uma parte de um período geológico inteiro; e também reflectir nas grandes mudanças de nível, na mudança desmesuradamente intensa do clima, no prodigioso intervalo de tempo, tudo neste mesmo período glacial. Pode-se porém duvidar se em qualquer parte do mundo os depósitos sedimentares, incluindo os vestígios fósseis, continuaram a acumular-se na mesma área durante todo este período. Não é, por exemplo, provável que se tenha depositado sedimento durante todo o período glaciar perto da foz do Mississípi, naquele limite de profundidade em que os animais marinhos podem prosperar; porquanto sabemos que ocorreram vastas mudanças geográficas noutras partes da América durante este período. Uma vez que se tenham elevado camadas como as depositadas em águas rasas perto da foz do Mississípi durante uma parte do período glacial, é provável que surjam e desapareçam vestígios orgânicos em níveis diferentes, devido à migração de espécies e a mudanças geográficas. No futuro distante, um geólogo que examine estas camadas poderá sentir-se tentado a concluir que a duração média da vida dos fósseis incrustados foi menor do que a do período glacial, em vez de na verdade ter sido muito maior, ou seja, prolongando-se desde antes da época glacial até aos dias de hoje.

Para obter uma gradação perfeita entre duas formas nas partes superiores e inferiores da mesma formação, o depósito tem de se ter continuado a acumular durante





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