A Origem das Espécies - Cap. 10: CAPÍTULO IX
SOBRE A INPERFEIÇÃO DO REGISTO GEOLÓGICO Pág. 319 / 524

um período bastante longo, de modo a haver tempo suficiente para o lento processo de variação; pelo que o depósito terá geralmente de ser muito espesso; e as espécies que sofrem modificação terão de ter vivido na mesma área durante todo este tempo. Mas vimos que uma formação fossilífera espessa só pode ser acumulada durante um período de subsidência; e, para manter a profundidade aproximadamente igual, o que é necessário para permitir que a mesma espécie viva no mesmo espaço, a reserva de sedimento tem quase de ter contrabalançado a quantidade de subsidência. Mas este mesmo movimento de subsidência tenderá frequentemente a afundar a área de onde provém o sedimento e, assim, diminuir a reserva, enquanto prossegue o movimento descendente. Na verdade, este equilíbrio quase exacto entre a reserva de sedimento e a quantidade de subsidência é provavelmente uma contingência rara; pois mais do que um paleontólogo observou que depósitos muito espessos são normalmente destituídos de vestígios orgânicos, excepto próximo dos seus limites superiores ou inferiores.

Pareceria que a acumulação de cada formação distinta, como toda a pilha de formações em qualquer região, foi em geral intermitente. Quando observamos, como tão frequentemente acontece, uma formação composta por camadas de diferente composição mineralógica, podemos razoavelmente suspeitar de que o processo de deposição foi muito interrompido, dado que uma mudança nas correntes marítimas e uma reserva sedimentar de natureza diferente dever-se-ão geralmente ao facto de as mudanças geográficas exigirem muito tempo. Tão-pouco a inspecção mais meticulosa de uma formação dará qualquer ideia do tempo consumido pela sua deposição. Poder-se-ia dar muitos exemplos de camadas com apenas alguns





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