A Origem das Espécies - Cap. 10: CAPÍTULO IX
SOBRE A INPERFEIÇÃO DO REGISTO GEOLÓGICO Pág. 321 / 524

ouro pela qual distinguir espécies e variedades; concedem alguma variabilidade a cada espécie, mas, quando se deparam com uma quantidade de diferença algo maior entre quaisquer duas formas, classificam ambas como espécies, a menos que possam conectá-las entre si através de gradações intermédias próximas. E isto, pelas razões que se acabou de apontar, raramente podemos esperar fazê-lo em qualquer secção geológica. Supondo que B e C são duas espécies, e se descobre uma terceira, A, numa camada subjacente, ainda que A fosse estritamente intermédia a B e C, seria simplesmente classificada como uma terceira espécie distinta, a menos que ao mesmo tempo se a pudesse conectar intimamente com uma ou ambas as formas através de variedades intermédias. Tão-pouco se devia esquecer, como se explicou atrás, que A poderia ser o progenitor efectivo de B e C, podendo no entanto não ser de todo estritamente intermédio a eles em todos os pontos de estrutura. Pelo que poderíamos obter a espécie antecessora e os seus diversos descendentes modificados nas camadas inferiores e superiores de uma formação, e a menos que obtivéssemos numerosas gradações transicionais, não deveríamos reconhecer a sua relação e, consequentemente, deveríamos ser compelidos a classificá-las como espécies distintas.

É notório quão excessivamente ligeiras são as diferenças sobre as quais muitos paleontólogos basearam as suas espécies; e fazem-no tanto mais prontamente se os espécimes vierem de diferentes subestágios da mesma formação. Alguns concólogos experientes reduzem agora várias das espécies muito subtis de D'Orbigny e de outros à categoria de variedades; e, segundo esta perspectiva, encontramos de facto o tipo de indício de mudança que, segundo a minha teoria, deveríamos encontrar.





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