A Origem das Espécies - Cap. 10: CAPÍTULO IX
SOBRE A INPERFEIÇÃO DO REGISTO GEOLÓGICO Pág. 322 / 524

Além disso, se olhamos para intervalos muito mais amplos, nomeadamente, para estágios distintos mas consecutivos da mesma grande formação, descobrimos que os fósseis incrustados, embora quase universalmente classificados como especificamente diferentes, são muito mais intimamente próximos entre si do que as espécies descobertas em formações mais amplamente separadas; mas terei de regressar a este assunto no capítulo seguinte.

Outra consideração é digna de nota: nos animais e nas plantas que se podem propagar rapidamente e não têm grande mobilidade, há razão para suspeitar, como vimos anteriormente, que as suas variedades começam por ser geralmente locais; e que essas variedades locais não se propagam amplamente e suplantam as suas formas antecessoras antes de se terem modificado e aperfeiçoado num grau considerável. Segundo esta perspectiva, a probabilidade de se descobrir numa formação, em qualquer região, todas as fases iniciais de transição entre quaisquer duas formas é pequena, pois supostamente as mudanças sucessivas foram locais ou confinadas a algum sítio. Na sua maioria, os animais marinhos têm uma distribuição ampla; e vimos que nas plantas são os que têm a distribuição mais ampla que mais frequentemente apresentam variedades; pelo que, nos moluscos e outros animais marinhos, são provavelmente os que tiveram a distribuição mais ampla, excedendo muito os limites das formações geológicas europeias conhecidas, que mais frequentemente deram origem, primeiro, a variedades locais, e, por fim, a novas espécies; e isto mais uma vez reduziria significativamente as hipóteses de conseguirmos seguir a pista dos estágios de transição em qualquer formação geológica.

É preciso não esquecer que, hoje em dia, com espécimes perfeitos





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