A Origem das Espécies - Cap. 10: CAPÍTULO IX
SOBRE A INPERFEIÇÃO DO REGISTO GEOLÓGICO Pág. 328 / 524

E uma das mais ricas acumulações de fósseis mamíferos hoje conhecidas pertence às séries média e secundária; e descobriu-se um mamífero genuíno no novo arenito vermelho quase no início desta grande série. Cuvier insistia na não ocorrência de qualquer macaco em qualquer estrato terciário; mas entretanto descobriu-se espécies extintas na Índia, na América do Sul e na Europa, chegando a recuar até ao período Eoceno. O caso mais impressionante, todavia, é o da família dos cetáceos; como estes animais têm ossos enormes, são marinhos, e se encontram distribuídos pelo mundo, o facto de nem um só osso de baleia ter sido descoberto em qualquer formação secundária parecia justificar plenamente a crença de que esta grande e distinta ordem fora subitamente produzida no intervalo da última formação secundária e da primeira formação terciária. Mas agora podemos ler no Suplemento ao «Manual» de Lyell, publicado em 1858, indícios claros da existência de baleias no arenito verde superior, algum tempo antes do fim do período secundário.

Posso dar outro exemplo, que, por tê-lo observado com os meus próprios olhos, muito me impressionou. Numa monografia sobre fósseis de cirrípedes sésseis, afirmei que pelo número de espécies terciárias existentes e extintas; pela extraordinária abundância de indivíduos de muitas espécies em todo o mundo, das regiões do Árctico ao Equador, habitando várias zonas de profundidades que vão do limite superior da maré alta até 50 braças; pelo modo perfeito como os espécimes são preservados nas camadas terciárias mais antigas; pela facilidade com que mesmo um fragmento de uma valva pode ser reconhecido; por todas estas circunstâncias, inferi que, se os cirrípedes sésseis tivessem existido durante os períodos secundários,





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