A Origem das Espécies - Cap. 11: CAPÍTULO X
SOBRE A SUCESSÃO GEOLÓGICA DOS SERES ORGÂNICOS Pág. 339 / 524

Quando muitos habitantes de uma região se modificaram e aperfeiçoaram, podemos compreender, segundo o princípio de competição, e o das muitas relações importantíssimas entre organismos, que qualquer forma que não sofre qualquer grau de modificação e aperfeiçoamento ficará sujeita a ser exterminada. Assim, podemos ver por que razão, se observarmos intervalos de tempo suficientemente amplos, todas as espécies na mesma região acabam por se modificar; pois as que não se modificam extinguir-se-ão.

Em membros da mesma classe, a quantidade média de modificação, durante períodos de tempo longos e iguais, pode, talvez, ser aproximadamente a mesma; mas como a acumulação de formações fossilíferas persistentes depende da deposição de grandes massas de sedimento em áreas que estão em subsidência, as nossas formações foram quase necessariamente acumuladas em intervalos amplos e irregularmente intermitentes; consequentemente, a quantidade de modificação orgânica exibida pelos fósseis incrustados em formações consecutivas não é igual. Cada formação, segundo esta perspectiva, não assinala um acto de criação novo e completo, mas apenas um episódio isolado, quase retirado ao acaso de uma peça dramática que progride lentamente.

Podemos compreender claramente a razão por que uma espécie, uma vez extinta, nunca reaparece, ainda que se repitam as mesmíssimas condições de vida orgânicas e inorgânicas. Pois embora a prole de uma espécie pudesse adaptar-se (o que sem dúvida aconteceu em inumeráveis circunstâncias) para ocupar precisamente o lugar de outra espécie na economia da natureza e assim suplantá-la, as duas formas - a antiga e a nova - não seriam exactamente idênticas entre si; pois ambas quase de certeza herdariam dos seus progenitores distintos caracteres diferentes.





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