Estes diversos factos harmonizam-se com a minha teoria. Não creio em qualquer lei de desenvolvimento fixa que faça todos os habitantes de uma região mudar abruptamente, ou simultaneamente, ou em grau idêntico. O processo de modificação tem de ser extremamente lento. A variabilidade de cada espécie é completamente independente da de todas as outras. Se tal variabilidade é ou não aproveitada pela selecção natural, se as variações acumuladas em maior ou menor quantidade, causando assim maior ou menor quantidade de modificação na espécie variante, depende de muitas contingências complexas - da natureza benéfica da variabilidade, do poder de entrecruzamento, do ritmo da procriação, da lenta modificação das condições físicas da região e, mais especialmente, da natureza dos outros habitantes com que a espécie variante entra em competição. Portanto, não é de modo algum surpreendente que uma espécie conserve a mesma forma idêntica durante muito mais tempo do que outras; ou, no caso de se modificar, sofrendo menos modificações. Observamos o mesmo facto na distribuição geográfica; por exemplo, nos moluscos terrestres e insectos coleópteros da Madeira terem vindo a divergir consideravelmente das suas formas mais próximas no continente europeu, enquanto os moluscos marinhos e as aves permaneceram inalterados. Podemos talvez compreender o ritmo aparentemente mais veloz da modificação nas produções terrestres e nas que têm um nível superior de organização, por comparação com as produções marinhas, e as inferiores, pela maior complexidade das relações entre os seres superiores e as suas condições de vida orgânicas e inorgânicas, como foi explicado num capítulo anterior.