A Origem das Espécies - Cap. 11: CAPÍTULO X
SOBRE A SUCESSÃO GEOLÓGICA DOS SERES ORGÂNICOS Pág. 341 / 524

Vimos no último capítulo que as espécies de um grupo por vezes dão a falsa impressão de terem surgido abruptamente, e procurei dar uma explicação deste facto, que a verificar-se seria fatal para as minhas perspectivas. Mas tais casos são seguramente excepcionais, sendo que um aumento numérico gradual constitui a regra geral, até que a espécie atinge o seu máximo, e então, mais cedo ou mais tarde, decresce gradualmente. Se se representar o número de espécies de um género, ou o número de géneros de uma família, por uma linha vertical de espessura variável, atravessando as sucessivas formações geológicas em que as espécies são descobertas, a linha dará por vezes a falsa impressão de iniciar na extremidade inferior, não em ponta afiada, mas abruptamente; torna-se então gradualmente mais espessa, em sentido ascendente, por vezes mantendo uma espessura constante, acabando por se adelgaçar nas camadas superiores, assinalando o decrescimento e a extinção final da espécie. Este aumento numérico gradual das espécies de um grupo é estritamente conforme à minha teoria; uma vez que as espécies do mesmo género, e os géneros da mesma família, só podem aumentar lenta e progressivamente; pois o processo de modificação e a produção de certo número de formas próximas tem de ser lento e gradual- primeiro dando uma espécie origem a duas ou três variedades, convertendo-se estas lentamente em espécies, as quais por sua vez produzem outras espécies por etapas igualmente lentas, e por aí em diante, como na ramificação de uma grande árvore a partir de um só tronco, até que o grupo se torna vasto.

Sobre a extinção. - Até agora falámos apenas casualmente acerca do desaparecimento de espécies e grupos de espécies. Segundo a teoria da selecção natural, a extinção de formas antigas e a produção de formas novas e aperfeiçoadas estão intimamente conectadas entre si.





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