A Origem das Espécies - Cap. 11: CAPÍTULO X
SOBRE A SUCESSÃO GEOLÓGICA DOS SERES ORGÂNICOS Pág. 342 / 524

A velha ideia de que todos os habitantes da terra foram aniquilados por catástrofes em períodos sucessivos foi em geral abandonada, mesmo por, geólogos, como Elie de Beaumont, Murchison, Barrande, etc., cujas perspectivas gerais os levariam naturalmente a esta conclusão. Pelo contrário, temos todas as razões para crer, a partir do estudo das formações terciárias, que as espécies e grupos de espécies desaparecem, uma após outra, primeiro de um local, depois doutro, e por fim do mundo. Tanto espécies individuais como grupos inteiros de espécies persistem durante períodos muito desiguais; tendo alguns grupos, como vimos, persistido desde o primeiro amanhecer da vida, de que temos conhecimento, até aos dias de hoje; e outras desaparecido antes do fim do período paleozóico. Nenhuma lei fixa parece determinar o período de tempo durante o qual qualquer espécie ou género individual persiste. Há razão para crer que a extinção completa das espécies de um grupo é geralmente um processo mais lento do que a sua produção: se o aparecimento e desaparecimento de um grupo for representado, como antes, por uma linha vertical de espessura variável, ver-se-á que a linha se estreita mais gradualmente na extremidade superior, o que assinala a marcha do extermínio, do que na extremidade inferior, que assinala o aparecimento e crescimento numérico iniciais da espécie. Em alguns casos, todavia, o extermínio de grupos inteiros de seres, como os amonites no final do período secundário, foi assombrosamente repentino.

Todo o tema da extinção das espécies tem estado envolto no mais injustificado mistério. Alguns autores chegaram a supor que, tal como os indivíduos têm um período determinado de vida, também as espécies têm uma duração definida. Creio que ninguém se terá assombrado tanto como eu perante a extinção das espécies.





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