A Origem das Espécies - Cap. 11: CAPÍTULO X
SOBRE A SUCESSÃO GEOLÓGICA DOS SERES ORGÂNICOS Pág. 347 / 524

a tendência de cada espécie para aumentar extraordinariamente e a acção permanente de algum obstáculo, ainda que raramente nos apercebamos disso, toda a economia da natureza se tornará completamente obscura. Sempre que podemos afirmar precisamente por que razão esta espécie é mais abundante em indivíduos do que aquela; por que razão esta espécie e não outra se pode naturalizar numa dada região; então, e só então, poderemos justificadamente sentir surpresa por não conseguirmos explicar a extinção desta espécie particular ou grupo de espécies.

Sobre a modificação quase simultânea das formas de vida em todo o mundo. - Dificilmente alguma descoberta paleontológica é mais impressionante do que o facto de as formas de vida se modificarem quase simultaneamente em todo o mundo. Assim, a nossa formação cretácica europeia pode ser reconhecida em muitas partes distantes do mundo, nos climas mais dissemelhantes, onde não se consegue encontrar nem um só fragmento do próprio cré mineral; nomeadamente, na América do Norte, na América do Sul equatorial, na Tierra del Fuego, no Cabo da Boa Esperança e na península indiana. Pois, nestes pontos distantes, os vestígios orgânicos em certas camadas apresentam um inequívoco grau de semelhança com os do Cretácico. Não se trata de encontrar as mesmas espécies; pois em alguns casos nem uma espécie é exactamente a mesma, mas pertencem às mesmas famílias, géneros e subgéneros, e por vezes têm caracteres semelhantes em aspectos tão triviais como a mera textura superficial. Além disso, outras formas, que não se encontram no Cretácico europeu, mas que ocorrem nas formações ou superiores ou inferiores, estão também ausentes nestes pontos distantes do mundo. Nas diversas formações paleozóicas sucessivas





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