A Origem das Espécies - Cap. 11: CAPÍTULO X
SOBRE A SUCESSÃO GEOLÓGICA DOS SERES ORGÂNICOS Pág. 346 / 524

a outras espécies que se modificaram e aperfeiçoaram, alguns, poucos, dos sofredores poderão frequentemente ser preservados durante muito tempo, por se terem adaptado a um modo de vida peculiar, ou por habitarem um local remoto e isolado, onde evitaram a severa competição. Por exemplo, uma única espécie de Trigónia, um grande género de moluscos nas formações secundárias, persiste nos mares da Austrália; e alguns membros do grande e quase extinto grupo dos peixes Ganóides ainda habitam as nossas reservas de água doce. Portanto, como vimos, a total extinção de um grupo é geralmente um processo mais lento que o da sua produção.

No que se refere ao extermínio aparentemente súbito de famílias ou ordens inteiras, como a dos Trilobites no final do período paleozóico e dos Amonites no final do período secundário, temos de relembrar o que já se afirmou acerca dos prováveis intervalos de tempo vastos entre as nossas formações consecutivas; e nestes intervalos pode ter havido muito extermínio lento. Além disso, quando por imigração súbita ou um desenvolvimento invulgarmente rápido, muitas espécies de um novo grupo se apoderam de uma nova área, terão exterminado com análoga rapidez muitos dos antigos habitantes; e as formas que assim cedem os seus lugares serão normalmente próximas, pois partilharão uma inferioridade comum.

Assim, segundo me parece, a maneira como se extinguem espécies individuais e grupos inteiros de espécies harmoniza-se com a teoria da selecção natural. Não temos de nos assombrar perante a extinção; se temos de nos assombrar perante algo, que seja perante a nossa presunção ao imaginar por um momento que compreendemos as muitas contingências complexas de que a existência de cada espécie depende. Se por um instante esquecemos





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