A Origem das Espécies - Cap. 2: CAPÍTULO I
VARIAÇÃO SOB DOMESTICAÇÃO Pág. 36 / 524

Assim que uma variedade de plantas se torna razoavelmente bem estabelecida, os criadores de sementes não escolhem as melhores plantas, mas limitam-se a examinar os canteiros, arrancando as «daninhas», como chamam às plantas que se afastam do padrão apropriado. Na verdade, este tipo de selecção também é seguido no caso dos animais; pois dificilmente alguém será tão descuidado ao ponto de deixar que os seus piores animais procriem.

No que se refere às plantas, há outro meio de observar os efeitos acumulados da selecção - nomeadamente, comparando, no jardim, a diversidade de flores nas diferentes variedades da mesma espécie; na horta, a diversidade de folhas, vagens, ou tubérculos, ou qualquer parte que se valorize, por comparação com as flores das mesmas variedades; e no pomar, a diversidade de frutos da mesma espécie, por comparação com as folhas e flores do mesmo conjunto de variedades. Veja-se a diferença nas folhas da couve, e a extrema semelhança das flores; como as flores do amor-perfeito são diferentes e as folhas semelhantes; como os frutos dos diferentes tipos de groselheira diferem em tamanho, cor, forma e penugem, e no entanto as flores apresentam diferenças muito ligeiras. Não se trata de as variedades que diferem muito num certo aspecto não diferirem de todo em todo noutros aspectos; isto quase nunca, talvez nunca, acontece. As leis da correlação de crescimento, cuja importância nunca se deve descurar, assegurarão algumas diferenças; mas, regra geral, não posso duvidar de que a selecção contínua de variações ligeiras nas folhas, flores ou fruto, produzirá variedades que diferem entre si principalmente nestes caracteres.

Pode-se objectar que o princípio de selecção foi reduzido a uma prática metódica durante pouco





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