A Origem das Espécies - Cap. 12: CAPÍTULO XI
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA Pág. 379 / 524

Nenhum geólogo sentirá qualquer dificuldade em tais casos como o de o Reino Unido ter estado anteriormente unida à Europa, e ter consequentemente os mesmos quadrúpedes. Mas se a mesma espécie se pode produzir em dois pontos afastados, porque não encontramos um único mamífero comum à Europa, Austrália e América do Sul? As condições de vida são quase as mesmas, pelo que uma multidão de animais europeus e plantas se naturalizaram na América e na Austrália; e algumas plantas aborígenes são exactamente idênticas nestes pontos distantes dos hemisférios norte e sul? Creio que a resposta é que os mamíferos não foram capazes de migrar, ao passo que algumas plantas, devido aos seus variados meios de dispersão, migraram através do espaço intermédio vasto e descontínuo. A grande e impressionante influência que as barreiras de todo o tipo tiveram sobre a distribuição só é inteligível segundo a perspectiva de que a grande maioria das- espécies foram produzidas apenas num lado, não tendo conseguido migrar para o outro lado. Algumas famílias, muitas subfamílias, muitíssimos géneros e um número ainda maior de secções de géneros estão confinados a uma única região; e diversos naturalistas observaram que os géneros mais naturais, ou os géneros em que as espécies são mais intimamente próximas entre si, são geralmente locais ou confinados a uma única área. Que estranha anomalia seria se, ao descer uma etapa na série, para os indivíduos da mesma espécie prevalecesse uma regra directamente oposta; e se as espécies não fossem locais, mas se tivessem produzido em duas ou mais áreas distintas!

Assim me parece, como a muitos outros naturalistas, que a perspectiva de cada espécie se ter produzido numa única área, migrando subsequentemente daquela área para tão longe quanto o permitem os seus poderes de migração e subsistência sob condições no passado e no presente é a mais plausível.





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