A Origem das Espécies - Cap. 12: CAPÍTULO XI
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA Pág. 395 / 524

assim, compreender o facto de as plantas alpinas de cada cordilheira serem mais especialmente próximas das formas árcticas que vivem exactamente a norte ou quase exactamente a norte delas: pois a migração, com a chegada do frio, e a remigração, com o regresso do calor, terão em geral ocorrido exactamente rumo a sul e a norte. As plantas alpinas, por exemplo, da Escócia, como observou o Sr. H. C. Watson, e dos Pirenéus, como observou Ramond, são mais especialmente próximas das plantas do Norte da Escandinávia; as dos Estados Unidos das de Labrador; as das montanhas da Sibéria das das regiões árcticas daquela região. Estas perspectivas, baseadas na ocorrência perfeitamente comprovada de um anterior período glacial, parecem-me explicar tão satisfatoriamente a presente distribuição das produções alpinas e árcticas da Europa e América que, quando encontramos noutras regiões as mesmas espécies em cumeeiras distantes, quase podemos concluir sem mais indícios que um clima mais frio permitiu a sua migração anterior através de extensões planas intercalares, que desde então se tornaram demasiado quentes para que aí pudessem existir.

Se o clima, desde o período glacial, foi alguma vez mais quente do que no presente (como alguns geólogos nos Estados Unidos crêem que aconteceu, principalmente pela distribuição do gnatodonte fóssil), então as produções árcticas e temperadas terão, num período muito tardio, avançando um pouco mais para norte, retirando-se mais tarde para os locais onde presentemente habitam; mas não encontrei quaisquer indícios satisfatórios a respeito deste período intercalado ligeiramente mais quente, desde o período glacial.

As formas árcticas, durante a sua longa migração para sul e remigração para norte, terão sido sujeitas





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