A Origem das Espécies - Cap. 12: CAPÍTULO XI
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA Pág. 396 / 524

quase ao mesmo clima e, como há que observar em especial, ter-se-ão mantido juntos num grupo; consequentemente, as suas relações mútuas não terão sido muito perturbadas, e, em conformidade com os princípios transmitidos neste volume, não terão sido susceptíveis a muita modificação. Mas com as nossas produções alpinas, que ficaram isoladas desde o regresso do calor, primeiro nos sopés e por fim nos cumes das montanhas, a situação terá sido algo diferente; pois não é plausível que todas as mesmas espécies árcticas tenham ficado em cordilheiras distantes entre si, sobrevivendo aí desde então; ter-se-ão também, com toda a probabilidade, misturado com antigas espécies alpinas, que têm de ter existido nas montanhas antes do início da época glacial, e que durante o seu período mais frio terão sido temporariamente levadas a descer para as planícies; terão também sido expostas a influências climáticas algo diferentes. As suas relações mútuas terão sido assim perturbadas em maior ou menor grau; consequentemente, terão estado susceptíveis a modificação; e constatamos que foi o que sucedeu; pois se comparamos as plantas alpinas actuais e os animais de diversas grandes cordilheiras europeias, embora muitíssimas espécies sejam exactamente idênticas, algumas apresentam variedades, outras são classificadas como formas duvidosas, e outras são espécies distintas porém intimamente próximas ou representativas.

Ao ilustrar o que, segundo creio, teve efectivamente lugar durante o período glacial, pressupus que no seu início as produções árcticas eram tão uniformes em redor das regiões polares como são hoje em dia. Mas as observações anteriores acerca da distribuição aplicam-se não só a formas estritamente árcticas, mas também a muitas formas subárcticas





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