A Origem das Espécies - Cap. 12: CAPÍTULO XI
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA Pág. 402 / 524

Segundo esta perspectiva de o mundo inteiro, ou pelo menos grandes faixas longitudinais, ter estado simultaneamente mais frio de pólo a pólo, pode-se esclarecer bastante a presente distribuição de espécies idênticas e próximas. Na América, o Dr. Hooker mostrou que entre 40 e 50 plantas floríferas, na Tierra del Fuego, as quais formam uma parte considerável da escassa flora daquele território, são comuns à Europa, apesar de os dois locais serem muitíssimo remotos entre si; e há muitas espécies intimamente próximas. Nas imponentes montanhas da América equatorial, ocorre uma multidão de espécies peculiares pertencentes a géneros europeus. Nas montanhas mais altas do Brasil, Gardner encontrou alguns géneros europeus que não existem nas amplas regiões quentes intercalares. Assim, na Silla de Caracas, o ilustre Humboldt há muito encontrou espécies pertencentes a géneros característicos da Cordillera. Nas montanhas da Abissínia, ocorrem diversas formas europeias e algumas representativas da flora peculiar do Cabo da Boa Esperança. No Cabo da Boa Esperança, encontra-se pouquíssimas espécies europeias, que se acredita não terem sido introduzi das pelo homem e, nas montanhas, algumas formas europeias representativas, que não foram descobertas nas partes intertropicais de África. Nos Himalaias e nas cordilheiras isoladas da península indiana, nos cumes de Ceilão e nos cones vulcânicos de Java, ocorrem muitas plantas, ou exactamente idênticas ou mutuamente representativas e ao mesmo tempo representativas das plantas europeias, não encontradas nas planícies quentes intercalares. Uma lista dos géneros recolhidos nos picos mais elevados de java evoca a imagem de uma colecção feita numa colina europeia! Ainda mais impressionante é o facto de formas sul-australianas serem claramente representadas por plantas que crescem nos cumes das montanhas de Bornéu.





Os capítulos deste livro