A Origem das Espécies - Cap. 13: CAPÍTULO XII
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA (continuação) Pág. 417 / 524

da ampla dispersão das suas sementes e ovos por animais, mais especialmente aves de água doce, que têm grande capacidade de voo e viajam naturalmente de um meio aquático para outro, muitas vezes distante. A natureza, qual jardineiro diligente, leva assim as suas sementes de um leito de natureza particular para outro que lhes é igualmente apropriado.

Sobre os habitantes das ilhas oceânicas. - Chegamos à última das três classes de factos, que seleccionei como exemplo das dificuldades mais intensas, para a perspectiva de que todos os indivíduos, da mesma espécie e de espécies próximas, descendem de uma única antecessora; e portanto procedem todos de uma região nativa comum, apesar de ao longo do tempo terem vindo a habitar pontos distantes do globo. Afirmei já que não posso honestamente admitir a perspectiva de Forbes sobre as extensões continentais, as quais, se legitimamente levadas até às suas consequências, levariam à crença de que, no período recente, todas as ilhas existentes estiveram ou completamente ou quase unidas a algum continente. Esta perspectiva eliminaria muitas dificuldades, mas não explicaria, segundo creio, todos os factos a respeito das produções insulares. Nas observações seguintes não me limitarei à mera questão da dispersão; mas considerarei outros factos, relevantes para a verdade das duas teorias, da criação independente e da descendência com modificação.

As espécies de todos os tipos que habitam ilhas oceânicas são numericamente escassas por comparação com as que se encontram em áreas continentais iguais: Alph. De Candolle admite isto no que se refere às plantas, e Wollaston no que se refere aos insectos. Se observamos para a grande dimensão e variados locais da Nova Zelândia, estendendo-se por





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