A Origem das Espécies - Cap. 13: CAPÍTULO XII
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA (continuação) Pág. 431 / 524

Sem dúvida que se uma espécie tem uma vantagem qualquer sobre outra espécie, muito em breve irá suplantá-la completa ou parcialmente; mas se ambas estão igualmente bem adaptadas aos seus próprios lugares na natureza, é provável que ambas se mantenham no seu espaço, continuando separadas durante quase qualquer período de tempo. Estando familiarizados com o facto de muitas espécies naturalizadas pela acção humana se terem propagado com extraordinária rapidez em novas regiões, estamos em condições de inferir que a maioria das espécies propagar-se-iam assim; mas devemos relembrar que as formas que se naturalizam em novas regiões não são em geral intimamente próximas dos habitantes aborígenes, mas espécies muito distintas, pertencentes, numa grande proporção de casos, como mostrou Alph. De Candolle, a géneros distintos. No Arquipélago das Galápagos, inclusive muitas aves, apesar de bastante bem adaptadas ao voo de ilha para ilha, são distintas em cada uma delas; há assim três espécies intimamente próximas do tordo-imitador, cada uma confinada à sua própria ilha. Suponhamos então que o tordo-imitador da Ilha de Chatham é arrastado para a Ilha de Charles, que tem o seu próprio tordo-imitador: por que razão conseguiria estabelecer-se ali? Podemos inferir seguramente que a Ilha de Charles está bem povoada com as suas próprias espécies, pois anualmente aí são postos mais ovos do que aqueles que podem ser criados; e podemos inferir que o tordo-imitador peculiar à Ilha de Charles está pelo menos tão bem adaptado ao seu ambiente como a espécie peculiar à Ilha de Chatham. Sir C. Lyell e o Sr. Wollaston comunicaram-me um facto notável, relevante para este assunto; nomeadamente, que a Madeira e a ilhota adjacente de Porto Santo têm muitos




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