A Origem das Espécies - Cap. 13: CAPÍTULO XII
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA (continuação) Pág. 437 / 524

têm de se ter propagado a partir de uma matriz; se tal corno antes temos em consideração a nossa ignorância e relembramos que algumas formas de vida mudam muitíssimo lentamente, concedendo-se assim períodos de tempo enormes para a sua migração, não creio que as dificuldades sejam insuperáveis; embora neste caso e no dos indivíduos da mesma espécie sejam não raro extremamente graves.

Exemplificando os efeitos das mudanças climáticas sobre a distribuição, procurei mostrar quão importante foi a influência do moderno período glacial, o qual estou plenamente convencido que afectou todo o mundo simultaneamente, ou pelo menos grandes faixas meridionais. Para mostrar quão diversificados são os meios de transporte ocasional, discuti com algum detalhe os meios de dispersão das produções de água doce.

Se as dificuldades de admitir que a longo prazo os indivíduos da mesma espécie e também de espécies próximas procederam de uma mesma matriz não são insuperáveis, então, penso que todos os factos importantes da distribuição geográfica são explicáveis com base na teoria da migração (geralmente das formas de vida mais dominantes), juntamente com a posterior modificação e multiplicação de novas formas. Podemos assim compreender a elevada importância das barreiras, terrestres ou aquáticas, que separam as nossas diversas províncias zoológicas e botânicas. Podemos assim compreender a localização de subgéneros, géneros e famílias; e como em diferentes latitudes, por exemplo, na América do Sul, os habitantes de planícies e montanhas, de florestas, pântanos e desertos se encontram tão misteriosamente ligados uns aos outros por afinidade, e também ligados aos seres extintos que outrora habitaram o mesmo continente. Tendo em mente que as relações mútuas





Os capítulos deste livro