A Origem das Espécies - Cap. 14: CAPÍTULO XIII
AFINIDADES MÚTUAS DOS SERES ORGÂNICOS. MORFOLOGIA. EMBRIOLOGIA. ÓRGÂOS RUDIMENTARES. Pág. 444 / 524

de descendência - a única causa conhecida da similaridade dos seres orgânicos - é o vínculo, tal como se encontra oculto por vários graus de modificação, e que as nossas classificações parcialmente revelam.

Consideremos agora as regras seguidas na classificação e as dificuldades que se encontra na perspectiva de que a classificação ou apresenta algum plano desconhecido de criação, ou é simplesmente um esquema para enunciar proposições gerais e agrupar as formas que mais se assemelham entre si. Poder-se-ia pensar (e pensou-se na antiguidade) que aquelas partes da estrutura que determinaram os hábitos de vida e o lugar geral de cada ser na economia da natureza teria uma enorme importância classificativa. Nada pode ser mais falso. Ninguém considera a semelhança exterior de um rato com um musaranho, de um dugongo com uma baleia, de uma baleia com um peixe, como algo importante. Estas semelhanças, embora tão intimamente ligadas a toda a vida do ser, são classificadas como meros «caracteres adaptativos ou analógicos»; mas teremos de regressar à consideração destas semelhanças. Pode mesmo apresentar-se como regra geral que quanto menos qualquer parte da organização tenha que ver com hábitos especiais, maior será a sua importância classificativa. Por exemplo: Owen, ao falar no dugongo, afirma: «Sendo os órgãos generativos os que estão mais remotamente ligados aos hábitos e alimentação de um animal, sempre os encarei como indicadores muito claros das suas verdadeiras afinidades. A probabilidade de confundirmos, nas modificações destes órgãos, um carácter meramente adaptativo com um essencial é menor.» Assim com as plantas, como é notável os órgãos vegetativos, dos quais depende toda a sua vida, serem pouco importantes, excepto nas primeiras





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