A Origem das Espécies - Cap. 14: CAPÍTULO XIII
AFINIDADES MÚTUAS DOS SERES ORGÂNICOS. MORFOLOGIA. EMBRIOLOGIA. ÓRGÂOS RUDIMENTARES. Pág. 458 / 524

Observamos algo do mesmo tipo inclusive nas variedades domésticas, como nos caules espessados do nabo comum e do sueco. A semelhança entre o galgo e o cavalo de corrida não é muito mais fantasiosa do que as analogias feitas por alguns autores entre animais muito distintos. Na minha perspectiva acerca da real importância dos caracteres para a classificação, só na medida em que revelam a ascendência podemos compreender claramente por que razão os caracteres analógicos ou adaptativos, embora sejam da maior importância para o bem-estar do ser, quase não têm valor para o sistematizador. Pois os animais pertencentes às duas linhas de descendência mais distintas podem facilmente adaptar-se a condições similares e, assim, adquirir uma íntima semelhança exterior; mas tais semelhanças não revelarão - antes tenderão a esconder a sua consanguinidade com as suas linhas de descendência apropriadas. Podemos também compreender o aparente paradoxo de que os mesmíssimos caracteres são analógicos quando se compara uma classe ou ordem com outra, mas dão verdadeiras afinidades quando se compara entre si os membros da mesma classe ou ordem: assim, a forma do corpo e os membros semelhantes a barbatanas são apenas analógicos quando se compara as baleias aos peixes, sendo adaptações em ambas as classes para nadar na água; mas a forma do corpo e os membros semelhantes a barbatanas servem de caracteres que exibem uma verdadeira afinidade entre os diversos membros da família das baleias; pois estes cetáceos coincidem em tantos caracteres, grandes e pequenos, que não podemos duvidar de que herdaram de um ancestral comum a forma geral do seu corpo e a estrutura dos membros. O mesmo acontece com os peixes.

Como os membros de classes distintas se adaptaram frequentemente





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