A Origem das Espécies - Cap. 14: CAPÍTULO XIII
AFINIDADES MÚTUAS DOS SERES ORGÂNICOS. MORFOLOGIA. EMBRIOLOGIA. ÓRGÂOS RUDIMENTARES. Pág. 459 / 524

por meio de ligeiras modificações sucessivas a viver em circunstâncias quase similares - habitando, por exemplo, os três elementos, terra, ar e água -, podemos talvez compreender como se observou por vezes um paralelismo numérico entre os subgrupos em classes distintas. Um naturalista, impressionado por um paralelismo desta natureza em qualquer classe, elevando ou descendo arbitrariamente o valor dos grupos noutras classes (e toda a nossa experiência mostra que esta valoração tem até agora sido arbitrária), podia facilmente alargar o paralelismo a uma grande amplitude de casos; e assim surgiram provavelmente as classificações septenárias, quinárias, quaternárias e ternárias.

Como os descendentes modificados das espécies dominantes, pertencentes aos géneros mais vastos, tendem a herdar as vantagens, que tornaram os grupos a que pertencem vastos e os seus progenitores dominantes, quase de certeza propagar-se-ão amplamente e apoderar-se-ão de cada vez mais espaços na economia da natureza. Os grupos mais vastos e dominantes tendem assim a aumentar numericamente; e, consequentemente, suplantam muitos grupos mais pequenos e mais fracos. Assim, podemos explicar o facto de todos os organismos, "recentes e extintos, serem incluídos em algumas, poucas, grandes ordens, em ainda menos classes, e tudo isto num só sistema natural. Mostrando quão poucos são os grupos superiores e como estão amplamente distribuídos em todo o mundo, é impressionante o facto de a descoberta da Austrália não ter acrescentado um único insecto pertencente a uma nova ordem; e que no reino vegetal, como no-lo diz o Dr. Hooker, tenha acrescentado apenas duas ou três ordens de pequenas dimensões.

No capítulo sobre a sucessão geológica procurei mostrar como, segundo





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