A Origem das Espécies - Cap. 14: CAPÍTULO XIII
AFINIDADES MÚTUAS DOS SERES ORGÂNICOS. MORFOLOGIA. EMBRIOLOGIA. ÓRGÂOS RUDIMENTARES. Pág. 468 / 524

Nas plantas monstruosas, obtemos frequentemente indícios indirectos da possibilidade de um órgão se transformar noutro; e podemos ver efectivamente nos crustáceos embrionários e em muitos outros animais, e nas flores, que os órgãos, que em maduros se tornam muitíssimo diferentes, são exactamente semelhantes numa fase inicial de crescimento.

Como são inexplicáveis estes factos com base na perspectiva comum da criação! Por que razão estaria o cérebro fechado numa caixa composta de pedaços de osso tão numerosos e tão extraordinariamente moldados? Como observou Owen, o benefício derivado da produção das partes separadas no parto dos mamíferos, não explica de modo algum a mesma construção nos crânios das aves. Por que razão seriam criados ossos similares na formação da asa e perna de um morcego, dado o seu uso para fins totalmente diferentes? Por que razão um crustáceo, que tem uma boca extremamente complexa, formada por muitas partes, tem consequentemente sempre menos pernas; ou inversamente, os que têm muitas pernas têm bocas mais simples? Por que razão seriam as sépalas, pétalas, estames e pistilos em qualquer flor individual, embora adaptados para fins tão diferentes, construídos todos sobre o mesmo padrão?

Com base na teoria da selecção natural, podemos responder satisfatoriamente a estas questões. Nos vertebrados, observamos uma série de vértebras internas que suportam certos processos e apêndices; nos articulados, observamos o corpo dividido numa série de segmentos, que sustentam apêndices externos; e, nas plantas floríferas, observamos uma série de volutas de folhas sucessivas em espiral. Uma repetição indefinida da mesma parte ou órgão é a característica comum (como observou Owen) de todas as formas inferiores ou pouco





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