A Origem das Espécies - Cap. 14: CAPÍTULO XIII
AFINIDADES MÚTUAS DOS SERES ORGÂNICOS. MORFOLOGIA. EMBRIOLOGIA. ÓRGÂOS RUDIMENTARES. Pág. 470 / 524

, como se se tivessem metamorfoseado, não umas a partir das outras, mas a partir de um elemento comum. Os naturalistas, todavia, usam essa linguagem apenas num sentido metafórico: estão longe de querer dizer que, no decorrer de uma longa descendência, os órgãos primordiais de qualquer tipo - vértebras num caso e pernas no outro - foram efectivamente modificadas até se tornarem crânios ou mandíbulas. Porém, tão forte é a aparente ocorrência de uma modificação desta natureza, que os naturalistas dificilmente conseguem evitar o uso da linguagem com esta significação evidente. Na minha perspectiva pode-se usar estes termos em sentido literal; e o maravilhoso facto de as mandíbulas, por exemplo, de um caranguejo preservarem numerosos caracteres, que provavelmente preservariam por meio da hereditariedade, se se tivessem realmente metamorfoseado no decorrer de uma longa descendência a partir de pernas verdadeiras, ou de algum apêndice mais simples, está explicado.

Embriologia. - Já se observou casualmente que certos órgãos no indivíduo, que na maturidade se tornam bastante diferentes e servem diferentes finalidades, são exactamente iguais no embrião. Além disso, os embriões de animais distintos na mesma classe são muitas vezes extraordinariamente semelhantes: não se pode dar melhor prova disto do que uma circunstância mencionada por Agassiz, nomeadamente, que tendo-se esquecido de etiquetar o embrião de algum animal vertebrado, não tem como agora distinguir se pertence a um mamífero, ave ou réptil. As larvas vermiformes das mariposas, moscas, escaravelhos, etc., assemelham-se entre si muito mais intimamente do que os insectos maduros; mas no caso das larvas, os embriões são activos e adaptaram-se a modos de vida especiais. Um





Os capítulos deste livro