A Origem das Espécies - Cap. 14: CAPÍTULO XIII
AFINIDADES MÚTUAS DOS SERES ORGÂNICOS. MORFOLOGIA. EMBRIOLOGIA. ÓRGÂOS RUDIMENTARES. Pág. 476 / 524

Afirmei no primeiro capítulo que há alguns indícios que dão plausibilidade à ideia de que uma variação tenderá a reaparecer na prole numa idade correspondente a seja qual for a idade em que surgiu pela primeira vez no progenitor. Certas variações só podem aparecer em idades correspondentes, por exemplo, peculiaridades nas etapas da lagarta, casulo, ou imago do bicho-da-seda; ou, mais uma vez, nos cornos do gado bovino quase adulto. Mas, além disto, as variações que, tanto quanto podemos ver, podem ter aparecido mais cedo ou mais tarde na vida, tendem a aparecer numa idade correspondente na prole e no progenitor. Longe de mim querer dizer que isto é invariavelmente o que acontece; e poderia apresentar uma boa quantidade de casos de variações (tomando a palavra no sentido mais lato) que sobrevieram numa idade mais temporã na cria do que no progenitor.

Estes dois princípios, a admitir-se a sua verdade, explicarão, segundo creio, todos os principais factos atrás especificados na embriologia. Mas primeiro olhemos para alguns casos análogos em variedades domésticas. Alguns autores que escreveram sobre cães sustentam que o galgo e o buldogue, embora aparentemente tão diferentes, são na realidade variedades muito intimamente próximas e provavelmente descendem da mesma casta selvagem; pelo que eu estava curioso para ver a que ponto os seus cachorros diferiam entre si: disseram-me os criadores que diferiam tanto como os seus pais, o que, a olho nu, quase parecia o que acontece; mas ao medir efectivamente os velhos cães e os seus cachorros de seis dias, descobri que estes não tinham ainda adquirido a sua plena quantidade de diferença proporcional. Pelo que, mais uma vez, me informaram de que os potros de tiro e os cavalos de corrida diferiam





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