A Origem das Espécies - Cap. 15: CAPÍTULO XIV
RECAPITULAÇÃO E CONCLUSÃO Pág. 495 / 524

Mesmo numa área ampla, que permaneceu contínua durante um longo período, onde o clima e outras condições de vida mudam imperceptivelmente ao passar de uma zona ocupada por uma espécie para outra zona ocupada por uma espécie intimamente próxima, nada nos permite esperar encontrar frequentemente variedades intermédias na zona intermédia. Pois temos razão para crer que apenas poucas espécies sofrem modificações num dado período; e todas as modificações se efectuam lentamente. Mostrei também que as variedades intermédias que a princípio terão provavelmente existido nas zonas intermédias serão susceptíveis de ser suplantadas pelas formas próximas num ou noutro lado; e as últimas, por existirem em grande número, serão geralmente modificadas e aperfeiçoadas a um ritmo mais veloz do que as variedades intermédias, que existem em menor número; pelo que as variedades intermédias, a longo prazo, serão suplantadas e exterminadas.

Segundo esta doutrina do extermínio de uma infinidade de elementos conectivos entre os habitantes vivos e extintos do mundo, e em cada período sucessivo entre as espécies extintas e ainda mais antigas, por que razão não está cada formação geológica carregada com tais elementos? Por que razão cada colecção de vestígios fósseis não proporciona indícios óbvios da gradação e mutação das formas de vida? Não encontramos quaisquer indícios semelhantes, e esta é a mais óbvia e persuasiva das muitas objecções que se pode levantar contra a minha teoria. Por que razão, mais uma vez, grupos inteiros de espécies próximas parecem, ainda que por vezes certamente se trate de uma falsa aparência, ter surgido subitamente nos diversos estágios geológicos? Porque não encontramos grandes pilhas de estratos sob o sistema siluriano, providos





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