A Origem das Espécies - Cap. 15: CAPÍTULO XIV
RECAPITULAÇÃO E CONCLUSÃO Pág. 497 / 524

As espécies amplamente distribuídas variam mais e as variedades são frequentemente locais de início - ambas as causas tornam menos plausível a descoberta de elos intermédios. As variedades locais não se propagarão para outras regiões distantes antes de se terem modificado e aperfeiçoado consideravelmente; e, quando se propagam, se forem descobertos numa formação geológica, parecerão aí ter sido subitamente criados e serão simplesmente classificados como novas espécies. A maioria das formações foram intermitentemente acumuladas; e tendo a crer que a sua duração foi mais curta do que a duração média de formas específicas. As formações sucessivas estão separadas entre si por enormes intervalos de tempo vazios; pois as formações fossilíferas suficientemente espessas para resistirem à degradação futura só podem ser acumuladas onde há muita deposição sedimentar, no leito do mar em subsidência. Durante os períodos alternados de elevação e de nível estacionário, o registo será um espaço em branco. Durante estes últimos períodos, haverá provavelmente mais variabilidade nas formas de vida; e mais extinção durante períodos de subsidência.

No que se refere à ausência de formações fossilíferas sob os mais baixos estratos silurianos, posso apenas recorrer à hipótese dada no Capítulo IX. Todos concordarão que o registo geológico é imperfeito; mas poucos se disporão a admitir que é tão imperfeito como afirmo. Se olhamos para intervalos de tempo suficientemente longos, a geologia afirma inequivocamente que todas as espécies se modificaram; e modificaram-se da maneira estabelecida pela minha teoria, pois modificaram-se lenta e gradualmente. Vemos claramente isto no facto de os vestígios fósseis de formações consecutivas serem invariavelmente muito mais intimamente próximos entre si do que os fósseis de formações distantes entre si no tempo.





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