A Origem das Espécies - Cap. 15: CAPÍTULO XIV
RECAPITULAÇÃO E CONCLUSÃO Pág. 509 / 524

Como os grupos que descendem de um progenitor antigo geralmente divergiram em carácter, o progenitor e os seus primeiros descendentes serão frequentemente intermédios em carácter, por comparação com os descendentes mais recentes; e assim podemos ver por que razão quanto mais antigo é um fóssil, mais frequentemente este é, em maior ou menor grau, intermédio a grupos existentes e próximos. As formas recentes são geralmente consideradas, num sentido vago, superiores às formas antigas e extintas; e são-no na medida em que as formas mais recentes e aperfeiçoadas conquistaram os seres orgânicos mais antigos e menos aperfeiçoados na luta pela vida. Finalmente, a lei da longa persistência das formas próximas no mesmo continente - dos marsupiais na Austrália, dos edentados na América, e outros casos semelhantes - é inteligível, pois mima região circunscrita, as recentes e as extintas serão naturalmente próximas por ascendência.

Olhando para a distribuição geográfica, se admitimos que houve no longo decorrer das eras muita migração de uma parte do mundo para outra, devido a mudanças climáticas e geográficas anteriores e a muitos meios ocasionais e desconhecidos de dispersão, então podemos compreender, segundo a teoria da descendência com modificação, a maior parte dos factos mais importantes acerca da distribuição. Podemos ver por que razão haveria um paralelismo tão impressionante na distribuição dos seres orgânicos através do espaço, e na sua sucessão geológica através do tempo; pois em ambos os casos os seres estão ligados pelo vínculo da geração ordinária, e os meios de modificação foram os mesmos. Vemos o pleno significado do facto maravilhoso, que tem de ter impressionado cada viajante, nomeadamente, que no mesmo continente, sob as





Os capítulos deste livro