A Origem das Espécies - Cap. 15: CAPÍTULO XIV
RECAPITULAÇÃO E CONCLUSÃO Pág. 508 / 524

espécies são apenas variedades bem marca das e permanentes, podemos de imediato ver por que razão a sua prole cruzada seguiria as mesmas leis complexas nos seus graus e tipos de semelhança que tem com os seus pais - ao serem absorvidos entre si por cruzamentos sucessivos e noutros aspectos semelhantes -, como a prole cruzada de variedades reconhecidas. Por outro lado, tais factos seriam estranhos se as espécies tivessem sido criadas independentemente e as variedades produzidas por leis secundárias.

Se admitimos que o extremo grau de imperfeição do registo geológico, então os factos como os que este nos proporciona sustentam a teoria da descendência com modificação. Novas espécies entraram em cena lentamente e a intervalos sucessivos; e a quantidade de mudança, após intervalos de tempo iguais, difere amplamente em grupos diferentes. A extinção de espécies e de grupos inteiros de espécies, que desempenhou um papel tão conspícuo na história do mundo orgânico, decorre quase inevitavelmente do princípio de selecção natural; pois as formas antigas serão suplantadas pelas formas novas e aperfeiçoadas. Nenhuma espécie isolada nem grupos de espécies reaparecem uma vez que a cadeia da geração ordinária tenha sido quebrada. A difusão gradual de formas dominantes, com a lenta modificação dos seus descendentes, faz que as formas de vida, após longos intervalos de tempo, pareçam ter mudado simultaneamente em todo o mundo. O facto de os vestígios fósseis de cada formação serem até certo ponto intermédios em carácter aos fósseis nas formações acima e abaixo dessa explica-se simplesmente pela sua posição intermédia na cadeia de descendência. O importante facto de todos os seres orgânicos extintos pertencerem ao mesmo sistema que os seres recentes, subsumindo-se ou nos mesmos grupos ou em grupos intermédios, decorre de os seres vivos e extintos serem a prole de antecessores comuns.





Os capítulos deste livro