A Origem das Espécies - Cap. 15: CAPÍTULO XIV
RECAPITULAÇÃO E CONCLUSÃO Pág. 510 / 524

mais diversas condições, no calor e no frio, na montanha e na planície, nos desertos e nos pântanos, a maioria dos habitantes em cada grande classe são nitidamente aparentados; pois geralmente descenderão dos mesmos progenitores e colonizadores primitivos. Segundo este mesmo princípio de migração anterior, combinado na maioria dos casos com a modificação, podemos compreender, com a ajuda do período glacial, a identidade de algumas plantas e a íntima proximidade de muitas outras nas montanhas mais distantes, sob os climas mais diferentes; e também a íntima proximidade de alguns dos habitantes do mar nas zonas temperadas setentrionais e meridionais, embora separadas por todo o oceano intertropical. Embora duas áreas possam apresentar as mesmas condições físicas de vida, não temos de nos surpreender perante a ampla diferença dos seus habitantes, se estiveram durante um longo período completamente separados uns dos outros; pois como a relação de organismo a organismo é a mais importante das relações, e como as duas áreas terão recebido colonizadores a partir de uma terceira fonte ou uns dos outros, em vários períodos e em diferentes proporções, o percurso de modificação nas duas áreas será inevitavelmente diferente.

Segundo esta perspectiva da migração, com modificação subsequente, podemos ver por que razão seriam as ilhas oceânicas habitadas por poucas espécies, embora destas muitas sejam peculiares. Podemos ver claramente porque os animais que não conseguem atravessar amplas extensões oceânicas, como as rãs e os mamíferos terrestres, não viriam a habitar as ilhas oceânicas; e por que razão, por outro lado, novas e peculiares espécies de morcego, que podem transpor o oceano, seriam tão frequentemente encontradas em ilhas muito distantes de qualquer continente.





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