A Origem das Espécies - Cap. 15: CAPÍTULO XIV
RECAPITULAÇÃO E CONCLUSÃO Pág. 512 / 524

Vemos por que razão certos caracteres são muito mais úteis do que outros para a classificação; por que razão os caracteres adaptativos, embora tenham a maior importância para o ser, dificilmente têm qualquer importância na classificação; por que razão os caracteres derivados de partes rudimentares, embora não tenham qualquer utilidade para o ser, têm amiúde um elevado valor classificativo; e por que razão os caracteres em brio lógicos são os mais valiosos de todos. As afinidades reais de todos os seres orgânicos devem-se à hereditariedade ou à ascendência comum. O sistema natural é uma ordenação genealógica na qual temos de descobrir as linhas de ascendência através dos caracteres mais permanentes, por muito ligeira que seja a sua importância vital.

Sendo a estrutura óssea a mesma na mão de um homem, na asa de um morcego, na barbatana de um roaz e na perna de um cavalo, - o mesmo número de vértebras que formam o pescoço da girafa e o do elefante e inumeráveis factos semelhantes explicam-se a si próprios imediatamente com base na teoria da descendência com lentas e ligeiras modificações sucessivas. A similaridade de padrão na asa e perna de um morcego, embora usadas para finalidades tão diferentes, nas mandíbulas e pernas de um caranguejo, nas pétalas, estames e pistilos de uma flor, é também inteligível com base na perspectiva da modificação gradual de partes ou órgãos, que eram semelhantes no mais antigo progenitor de cada classe.

Segundo o princípio de as variações sucessivas nem sempre sobrevirem numa idade temporã e serem herdadas num período de vida correspondente, intemporão, podemos ver claramente porque os embriões de mamíferos, aves, répteis e peixes seriam tão intimamente semelhantes e as formas adultas tão diferentes.





Os capítulos deste livro