A Origem das Espécies - Cap. 15: CAPÍTULO XIV
RECAPITULAÇÃO E CONCLUSÃO Pág. 520 / 524

As regras para classificação tornar-se-ão indubitavelmente mais simples quando tivermos em vista um objecto definido.

Não temos pedigrees ou heráldica; e temos de descobrir e reconstituir as muitas linhas de descendência divergentes nas nossas genealogias naturais, por caracteres de qualquer tipo que durante muito tempo foram transmitidos hereditariamente. Os órgãos rudimentares informar-nos-ão infalivelmente a respeito da natureza das estruturas há muito perdidas. Espécies e grupos de espécies, a que se chama «aberrantes», e que podem ser imaginativamente designadas «fósseis vivos», ajudar-nos-ão a formar uma imagem das formas de vida antigas. A embriologia revelar-nos-á a estrutura, até certo ponto obscurecida, dos protótipos de cada grande classe.

Quando pudermos sentir-nos seguros de que todos os indivíduos da mesma espécie e todas as espécies intimamente próximas da maioria dos géneros, descenderam, num período não muito remoto, de um antecessor, e migraram a partir de algum local de origem; e quando conhecermos melhor os muitos meios de migração, então, à luz que a geologia hoje faz, e continuará a fazer, sobre as anteriores mudanças de clima e do nível do terreno, poderemos seguramente reconstituir de uma maneira admirável as anteriores migrações dos habitantes de todo o mundo. Mesmo no presente, comparando as diferenças dos habitantes do mar nos lados opostos de um continente, e a natureza dos vários habitantes desse continente relativamente aos seus aparentes meios de imigração, pode-se fazer alguma luz sobre a geografia antiga.

A nobre ciência da geologia perde glória devido à extrema imperfeição do registo. A crosta terrestre com os seus vestígios incrustados não pode ser considerada um museu bem provido, mas uma colecção pobre feita ao acaso e a raros intervalos.





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