A Origem das Espécies - Cap. 15: CAPÍTULO XIV
RECAPITULAÇÃO E CONCLUSÃO Pág. 522 / 524

Toda a história do mundo, tal como a conhecemos hoje em dia, embora de uma extensão completamente incompreensível para nós, será no futuro reconhecida como um mero fragmento do tempo, por comparação com as eras que decorreram desde que a primeira criatura, o progenitor de inumeráveis descendentes extintos e vivos, foi criada.

No futuro distante, vejo campos abertos a investigações muito mais importantes. A psicologia fundar-se-á sobre novos alicerces, os da aquisição necessária gradual de cada poder e capacidade mental. Far-se-á luz sobre a origem do homem e a sua história.

Há autores muitíssimo ilustres que parecem plenamente satisfeitos com a perspectiva de que cada espécie foi independentemente criada. A meu ver, harmoniza-se melhor com o que sabemos acerca das leis inscritas na matéria pelo Criador a produção e extinção dos habitantes do mundo no passado e no presente deverem-se a leis secundárias, como as que determinam o nascimento e morte do indivíduo. Quando vejo todos os seres não como criações especiais mas como descendentes directos de alguns, poucos, seres que viveram muito antes da deposição da primeira camada do sistema siluriano, parece-me que isso os enobrece. A julgar pelo passado, podemos seguramente inferir que nem uma só espécie viva transmitirá inalterada a sua semelhança ao futuro distante. E, das espécies que hoje vivem, pouquíssimas transmitirão progénie de qualquer tipo ao futuro distante; pois a maneira como todos os seres orgânicos estão agrupados mostra que a grande maioria de espécies de cada género, e todas as espécies de muitos géneros, não deixaram descendentes, tendo-se extinguido completamente. Podemos até agora lançar um olhar profético sobre o futuro de maneira a prever que serão as espécies comuns e amplamente disseminadas, pertencentes aos grupos maiores e dominantes, que acabarão por prevalecer e procriar novas espécies dominantes.





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