A Origem das Espécies - Cap. 3: CAPÍTULO II
VARIAÇÃO EM ESTADO DE NATUREZA Pág. 64 / 524

importantíssimo ponto de diferença entre variedades e espécies; nomeadamente, que a quantidade de diferença entre variedades, quando comparadas entre si ou com a espécie antecessora, é muito menor do que entre espécies do mesmo género. Mas quando chegarmos à discussão do «princípio de divergência de carácter», como lhe chamo, veremos como isto pode ser explicado, e como as diferenças menores entre variedades tenderão a aumentar, convertendo-se nas diferenças maiores entre espécies.

Há outro aspecto que me parece digno de nota. As variedades geralmente têm uma distribuição muito restrita: na verdade, esta afirmação é quase um truísmo, porquanto se se descobrisse que uma variedade é mais amplamente distribuída do que a suposta espécie antecessora, teria de se permutar as suas denominações. Mas há também razões para crer que as espécies que são muito intimamente próximas a outras espécies e nessa medida se assemelham a variedades têm frequentemente uma distribuição muito restrita. Por exemplo, o Sr. H.C. Watson chamou-me a atenção para 63 plantas no minuciosamente investigado Catálogo Londrino de plantas (4.a edição), que são aí classificadas como espécies, mas que ele considera tão intimamente próximas de outras espécies a ponto de terem valor duvidoso: estas 63 espécies putativas distribuem-se em média em 6.9 das províncias nas quais o Sr. Watson dividiu o Reino Unido. Ora, neste mesmo catálogo, estão regista das 53 variedades reconhecidas, e estas distribuem-se em 7.7 províncias; enquanto as espécies a que estas variedades pertencem se distribuem em 14.3 províncias. Pelo que as variedades reconhecidas têm aproximadamente a mesma distribuição média restrita do que as formas muito intimamente próximas, que o Sr. Watson me assinalou como espécies duvidosas, mas que são quase universalmente classificadas pelos botânicos britânicos como espécies genuínas.





Os capítulos deste livro