A Origem das Espécies - Cap. 5: CAPÍTULO IV
SELECÇÃO NATURAL Pág. 95 / 524

Se é benéfico para uma planta que as suas sementes sejam cada vez mais amplamente disseminadas pelo vento, não vejo que isto seja mais difícil de realizar pela selecção natural do que é para o cultivador de algodão aumentar e aperfeiçoar através da selecção a lanugem nas vagens dos seus algodoeiros. A selecção natural pode modificar e adaptar a larva de um insecto a uma série de contingências, completamente diferentes das que dizem respeito ao insecto maduro. Estas modificações afectarão sem dúvida, através das leis da correlação, a estrutura do adulto; e é provável que, no caso dos insectos que vivem apenas durante algumas horas e nunca se alimentam, uma grande parte da sua estrutura seja meramente o resultado correlacionado de mudanças sucessivas na estrutura das suas larvas. Assim, de modo inverso, é provável que as modificações no adulto afectem frequentemente a estrutura das larvas; mas em todos os casos a selecção natural garantirá que as modificações decorrentes de outras modificações num período diferente da vida não sejam sequer minimamente prejudiciais: pois ao tornarem-se prejudiciais causam a extinção da espécie.

A selecção natural modificará a estrutura da cria relativamente à do progenitor, e a do progenitor relativamente à cria. Nos animais sociais adaptará a estrutura de cada indivíduo para o benefício da comunidade; se cada um consequentemente beneficia com a mudança seleccionada. O que a selecção natural não pode fazer é modificar a estrutura de uma espécie, sem lhe dar qualquer vantagem, para benefício de outra espécie; e embora se possa encontrar afirmações deste teor nas obras de história natural, não encontro um caso que resista à investigação. Uma estrutura usada apenas uma vez em toda a vida de um animal,





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