Madame Bovary - Cap. 14: VI Pág. 137 / 382

Homais e o Sr. Guillaumin conversavam ambos. Estavam à espera dele.

- Dê-me cá um abraço - disse o boticário, com lágrimas nos olhos. Aqui está o seu paletó, meu bom amigo; tenha cuidado com o frio! Cuide de si! Poupe-se!

- Vamos, Léon, suba! - disse o tabelião.

Homais debruçou-se sobre o guarda-lama e, com a voz entrecortada de soluços, soltou estas duas palavras tristes:

- Boa viagem!

- Boa tarde -, respondeu Guillaumin. - Larga!

Partiram e Homais voltou para casa.

A Sr. Bovary abrira a janela que dava para o jardim e estava olhando para as nuvens.

Estas acumulavam-se no poente, do lado de Ruão, e enrolavam rapidamente as suas negras volutas, por trás das quais se viam estender grandes raios de sol, como flechas de ouro suspensas de um troféu, enquanto restante do céu, vazio, tinha uma brancura de porcelana. Mas uma rajada de vento fez curvar os choupos e, subitamente, a chuva começou a cair dosamente sobre as folhas verdes. Depois voltou a aparecer o sol, as galinhas cacarejavam, os pardais sacudiram as asas nas moitas húmidas e as gotas de água na areia arrastaram, escoando-se, as flores cor-de-rosa duma bacia.

«Como deve já ir longe!», pensou ela.

O Sr. Homais, como habitualmente, apareceu às seis e meia, durante o Jantar.

- Lá se foi então embora o nosso rapaz! - disse, enquanto se sentava.

- Parece que sim! - respondeu o médico.

Depois, voltando-se na cadeira:

- E lá por sua casa, que novidades há?

- Nada de especial. Só a minha mulher é que esteve esta tarde um pouco comovida. Sabe como é, as mulheres, qualquer coisa as perturba! Sobretudo a minha! E seria errado revoltarmo-nos com isso, porque a conszruiçâo nervosa delas é bastante mais frágil do que a nossa.

- O pobre Léon! - dizia Charles.





Os capítulos deste livro