A Ilha Misteriosa - Cap. 20: CAPÍTULO II Pág. 121 / 186

A gritaria e as conversas boçais continuavam, a par de grande ingestão de rum, ficando Ayrton a saber que só por mero acaso o brigue chegara ao largo da ilha Lincoln. Bob Harvey estava decidido a explorar aquela terra desconhecida, que não constava em nenhuma carta de navegação. Depois, se houvesse condições para tal, tencionava fazer dela porto de abrigo e base para os ataques. Quanto ao tiro de canhão à chegada, não fora mais do que pura fanfarronada dos piratas, a exemplo da praxe dos navios de guerra à vista de um porto! As notícias não podiam ser piores para a pequena colónia da ilha! A água potável, a pequena enseada bem abrigada e a fartura de provisões não deixariam de despertar a cobiça dos bandidos. Depois, porque desconhecida, a ilha garantia-lhes toda a impunidade e segurança! E outra coisa era certa: Harvey e os seus cúmplices não poupariam os colonos, que seriam massacrados sem qualquer hesitação. Posto isto, era necessário combater até ao fim e acabar com aqueles miseráveis, indignos de piedade e contra os quais todos os meios seriam justificados. Uma hora passou e a berraria dos malfeitores ia cessando; daí a pouco já todos dormiam e as lanternas do tombadilho acabaram por se extinguir. Encoberto pela escuridão, Ayrton deslizou cautelosamente por entre os corpos prostrados e, pelo tacto, pôde verificar que o Speedy dispunha de quatro canhões de carregar pela culatra, peças modernas, portanto, com efeitos devastadores. Quanto ao número de homens, não eram mais de dez os que dormiam no tombadilho e na ponte da popa, mas, pelo que escutara, a tripulação andava pelos cinquenta...

Muitos, na verdade, para os seis colonos da ilha Lincoln! Não restava mais a Ayrton do que regressar e contar aos companheiros o que soubera.





Os capítulos deste livro