A Ilha Misteriosa - Cap. 25: CAPÍTULO VII Pág. 156 / 186

Este esperava a morte a cada instante, até que, chegado ao limite das forças, caiu numa prostração profunda... A partir daí, perdera a noção do tempo e a memória das coisas era muito pouco clara...

De repente, tomado de súbita angústia, Ayrton perguntou:

- Mas, senhor Smith, como é que se explica que eu, estando prisioneiro naquela caverna, tenha vindo parar aqui... à minha cama? E desamarrado?

- E como é que se explica, meu bom Ayrton, que os bandidos estejam mortos aqui dentro da cerca? - respondeu o engenheiro.

- Mortos? Mortos, esses miseráveis?

A excitação de Ayrton sobrepôs-se à fraqueza e levantou-se, ajudado pelos amigos. Lá fora, o dia nascera. Sem demora, encaminharam-se todos para o sítio onde Top tinha encontrado os corpos. O pobre prisioneiro estava atónito! A um sinal do engenheiro, Nab e Pencroff examinaram os cadáveres, mas, estranhamente, não encontraram ferimentos evidentes de bala ou provocados por qualquer outra arma conhecida... Só após uma observação mais minuciosa, é que foram detectados uns pequenos pontos avermelhados, na testa de um, no peito de outro, nas costas deste, no ombro daquele...

- Que arma fulminante poderá ter feito isto? - surpreendeu-se Spilett.

Estavam todos tão espantados quanto o repórter; Smith quebrou o silêncio:

- Foi o justiceiro da ilha! O mesmo que o trouxe para aqui, Ayrton! O benfeitor que faz por nós aquilo que nós não podemos fazer!

- Procuremo-lo, então! - exclamou o marinheiro.

- Sim, havemos de esquadrinhar os contrafortes do monte Franklin sem deixar uma só cova, um só buraco! Ah, companheiros! Se alguma vez a um repórter se deparou caso verdadeiramente emocionante e intrigante, pois foi agora... e a mim! - rematou Gedeão Spilett.

Mas, antes do mais, havia que tratar de Ayrton.





Os capítulos deste livro