- Há ainda outra coisa a fazer... uma travessia!
- Uma viagem? Aonde? - indagou Spilett.
- Sim, temos de ir à ilha Tabor! - respondeu o marinheiro. Temos de ir lá deixar uma mensagem a dizer onde estamos, para o caso do tal iate escocês ir lá buscar o Ayrton... Deus queira que não seja tarde de mais!
- Mas, Pencroff, como é que você pensa fazer essa travessia? - perguntou Ayrton.
- Ora essa! No Boaventura, está visto que...
- Mas, meu amigo - interrompeu Ayrton. - O Boaventura já não existe! Agora me recordo de ter ouvido, num destes últimos dias, os piratas a comentar que tinham espatifado o barco de encontro aos rochedos...
- Ai o meu Boaventura! Ah, os canalhas, que o inferno os trague! Os miseráveis... - O marinheiro estava consternado e Harbert bem tentou consolá-lo, mas em vão.
A destruição do pequeno veleiro era, na verdade, uma perda lamentável para os colonos. No entanto, impunha-se calma e bom senso, ficando decidido que outro barco se faria logo que possível, aproveitando-se o material e equipamento do brigue afundado. Em seguida, ultimados os preparativos para as buscas, puseram-se em marcha.
A base da montanha, ramificada em múltiplos contrafortes, formava como que um intrincado labirinto de vales cortados por linhas de água. Era justamente ali, no fundo daquelas estreitas gargantas, que o engenheiro Smith pensava que deviam intensificar as explorações.