A Ilha Misteriosa - Cap. 2: CAPÍTULO II Pág. 16 / 186

aquela carga toda para as Chaminés? Pencroff não tardou a arranjar solução! Construíram sem demora uma jangada, sobre a qual empilharam os lenhos; agora era só esperar a maré vazante que a corrente do rio se encarregaria, do transporte até à foz. Enquanto isso, os dois amigos resolveram ocupar o tempo a explorar os locais. Subiram ao planalto superior, donde se abarcava o vasto oceano e a extensa praia aonde tinham ido parar.

- Algo me diz que um homem tão forte como o senhor Cyrus não se afogava assim, sem mais nem menos... Deve ter conseguido alcançar a praia, não achas, Pencroff?

- Sem dúvida, Harbert, que o nosso engenheiro é homem para se sair bem... Mas será que estamos numa ilha? - murmurou o marinheiro.

- Em todo o caso, parece ser bastante grande - respondeu o rapaz.

- Uma ilha, por maior que seja, é sempre uma ilha - disse Pencroff.

Uma coisa, porém, era certa: ilha ou continente, aquela terra desconhecida era fértil e agradável.

Já de regresso, Harbert, que saltava pelas rochas à beira do penhasco, assustou um bando de aves que levantou voo.

- Olha, pombos-bravos... ou pombos-da-rocha, como se quiser chamar! - exclamou o jovem naturalista. - São excelentes para comer e, sendo assim, os ovos também devem ser!

- Então, nem lhes vamos dar tempo de chocar! - disse logo o marinheiro.

Depressa encontraram os ninhos nas cavidades das rochas e Pencroff recolheu várias dúzias de ovos de pombo no lenço que trazia. Com a ceia assegurada, empreenderam a descida. Pela uma da tarde, chegaram à curva do rio onde tinham deixado a jangada amarrada.

A maré começava a descer, mas Pencroff não tinha intenção de deixar o precioso carregamento ir pela corrente abaixo de qualquer maneira. Com trepadeiras secas teceu uma corda comprida e resistente que atou à popa da jangada, segurando a outra ponta na mão.





Os capítulos deste livro