A Ilha Misteriosa - Cap. 27: CAPÍTULO IX Pág. 169 / 186

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- Ah! Aquele professor francês que passou uns meses a bordo do Nautilus, acompanhado do criado e de um marinheiro canadiano... - recordou o capitão. - Mas pensava que tinham morrido! Eles desapareceram nas costas da Noruega, quando fomos apanhados pelo terrível Maelstrõm e o Nautilus esteve à beira de soçobrar... Imagino que nesse livro me tenha retratado como uma espécie de pirata, um malfeitor, não? E o senhor, que pensa de mim?

A voz do velho capitão revelava amargura. Cyrus Smith respondeu:

- Não me compete a mim julgá-lo, senhor, muito menos no que se refere à sua vida passada. Ignoro, como toda a gente, os motivos que o levaram a escolher essa vida tão fora do comum... O que eu sei, o que nós todos aqui sabemos, é que, desde a nossa chegada à ilha Lincoln, uma mão benfazeja se estendeu sobre nós e que devemos a vida a um homem bom e generoso... o senhor, capitão Nemo!

O engenheiro e o repórter puseram-se de pé e os restantes companheiros aproximaram-se, prontos a agradecer, mas Nemo, com um gesto, impediu-os de falar.

- Primeiro, meus senhores - disse, sorrindo comovidamente -, gostaria que ouvissem o que tenho para vos contar!

Eis um resumo do relato que o capitão Nemo fez aos colonos:

"O capitão Nemo era, afinal, um príncipe hindu, de nome Dakkar, filho do riquíssimo rajá de Bundelkund e sobrinho de um herói da Índia, o lendário Tippo-Saib, lutador implacável contra o jugo colonial inglês.

"Apenas com dez anos de idade, fora enviado para Inglaterra, a fim de aí receber educação e formação que lhe permitissem, mais tarde, combater com armas iguais os opressores do povo da Índia. Dotado de superior inteligência e vontade de saber, o jovem Dakkar dedicou os vinte anos seguintes da sua vida ao estudo de tudo o que era possível aprender nas ciências, nas artes e nas letras, completando a aprendizagem com inúmeras viagens por toda a Europa.





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