A Ilha Misteriosa - Cap. 27: CAPÍTULO IX Pág. 170 / 186

Entretanto, ao mesmo tempo que elevava os seus conhecimentos aos níveis mais altos, nunca deixou enfraquecer os ideais patrióticos nem o ardor revolucionário. Assim, chegado à idade adulta, Dakkar, sábio, cientista e artista, mantinha pela Inglaterra o mesmo ódio arreigado e profundo.

"Ao completar trinta anos, em 1832, regressou a Bundelkund e casou com uma nobre hindu que partilhava do seu sonho independentista, e com a qual teve dois filhos. Mas a felicidade familiar não o desviou do caminho que se impusera e percorreu a Índia em campanhas de esclarecimento do povo. Anos mais tarde, rebentou uma revolta popular contra o domínio do Império Britânico, revolta essa liderada e sustentada pelo príncipe Dakkar. A rebelião foi afogada em sangue pelos ingleses que, não conseguindo deitar a mão a Dakkar, chacinaram selvaticamente a sua família - o pai, a mãe, a mulher e os filhos! "Com a cabeça a prémio, o príncipe empreendeu a fuga, acompanhado de vinte dos seus mais fiéis seguidores. O destino era uma ilha deserta do Pacífico, aonde ninguém o pudesse seguir e onde fosse possível pôr em prática os seus planos de vingança. Nessa ilha, graças à imensa fortuna e aos conhecimentos científicos de que dispunha, Dakkar construiu, com a ajuda dos companheiros, aquela maravilhosa nave submarina, obra-prima da engenharia, a que deu o nome de Nautilus! A partir desse momento, deixara de ser Dakkar, o príncipe de Bundelkund, tornando-se o capitão Nemo.

"Os anos seguintes foram dedicados a percorrer todos os oceanos, estudando os segredos das profundezas e dando caça a todas as embarcações de guerra com pavilhão inglês. O Nautilus era ele mesmo um vaso de guerra, o mais temível de todos, dotado de uma energia nova e poderosíssima, conseguida a partir do átomo, que, para além de desferir golpes mortais contra os inimigos, fornecia igualmente a iluminação e o aquecimento do submarino.





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