A Ilha Misteriosa - Cap. 27: CAPÍTULO IX Pág. 172 / 186

.. - disse Nemo.

Harbert, sem se conter, aproximou-se e, de joelhos, beijou a mão do capitão.

- Tens a minha bênção, meu filho! - murmurou este, tocando-lhe na cabeça.

- Mas de que padece ele? - perguntou Pencroff, em voz baixa. - E se tentássemos alguma coisa? Por que não levá-lo daqui para fora, para o ar livre...?

- Não, Pencroff - respondeu o engenheiro -, não há nada que possamos fazer. De resto, o capitão Nemo nunca consentiria em sair daqui. Há trinta anos que vive no Nautilus e é no Nautilus que quer morrer.

Sem dúvida que o doente ouviu estas palavras, porque se soergueu um pouco e disse, em voz fraca:

- Tem toda a razão, senhor. Quero morrer aqui. Mas, há pouco, falou numa dívida de gratidão para comigo...

- Daríamos as nossas vidas para prolongar a vossa! - afirmou Cyrus Smith.

- Pois bem - continuou Nemo -, prometam-me, então, cumprir as minhas últimas vontades e essa vossa dívida ficará saldada.

- Tem a nossa palavra! - respondeu Smith.

- Senhores, amanhã estarei morto... e o meu maior desejo é que o Nautilus seja o meu túmulo no fundo do mar, onde repousam todos os meus amigos...

Um silêncio profundo acolheu as palavras de Nemo, que continuou:

- Escutem com atenção! Amanhã, depois da minha morte, o senhor Smith e os seus companheiros abandonarão o Nautilus e deixá-lo-ão tal como está... Todas estas riquezas aqui guardadas vão desaparecer comigo. Do príncipe Dakkar restar-vos-á uma única recordação - aquele cofre acolá, que contém uma fortuna imensa em milhares de diamantes da Índia e pérolas que recolhi pelos oceanos! Tudo aquilo é vosso, meus amigos, pois estou certo que nem uma ínfima parte desse tesouro será usada para fins menos dignos...

Os colonos ouviam religiosamente as palavras do capitão.





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